terça-feira, 3 de abril de 2012

O Poço da Solidão

Radclyffe Hall, autora de O Poço
 Há mais ou menos um ano, foi parar nas minhas mãos o clássico lésbico O Poço da Solidão, com o qual me comovi com a trajetória de vida e sofrimento de Stephen Gordon, que hoje, com mérito, é considerada heroína.
 Stephen Gordon é uma herdeira tradicional de uma família inglesa. Seus pais, principalmente seu pai, sempre ansiaram por ter um filho homem, se decepcionando com a chegada de uma filha mulher. Seu pai então, para aliviar sua frustração, põe na criança um nome masculino e a cria como se fosse um garoto. A ensina a cavalgar, a praticar esgrima e outros esportes, na época, masculinos.
 Desde cedo, Stephen sente inclinação para pessoas do mesmo sexo. Sua primeira paixão foi uma empregada, atenciosa, pela qual a garota nutria grande admiração. Já nessa época, sofria represálias pelo seu jeito masculino de se vestir e de ser, de vizinhos, amigos e, inclusive, sentia um ligeiro sentimento de recusa vindo de sua mãe.
 O livro caminha arrastado, monótono - não de uma forma negativa, é apenas uma característica sua - é detalhado, mostra fase por fase da vida da personagem, todas as suas mudanças, tanto físicas quanto psicológicas. Vai de primavera ao inverno, do inverno à primavera, e todas as mudanças que isso traz ao nosso espírito. Mostra todos os amores e desilusões da personagem. A descrição do lugar é muito realista, com cheiro de campo e de relva, e de madeira e de querubins. Todos os personagens têm características muito próprias, cada um com seus complexos, medos e prazeres. E o final, de doer o coração.
 O Poço da Solidão, da autora Radclyffe Hall, foi lançado primeiramente em 1928, tendo calçado grande alvoroço em toda a Inglaterra e América. Com o livro censurado, criticado duramente por várias frentes, vendido clandestinamente por décadas, Hall morreu, em 1949, e não viu seu livro atingir a glória, que veio alguns anos mais tarde. Hoje, O Poço pode ser encontrado em sebos e em raras bibliotecas.

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