sexta-feira, 6 de abril de 2012

A boa música brasileira ainda existe - ou sobrevive!


 Um dos melhores trabalhos musicais lançados no ano de 2011 foi o projeto paralelo Agridoce, da cantora Pitty Leone e do seu baterista Martin Mendonça, que encheu de esperança os olhos, e ouvidos, dos desacreditados em relação ao caminho da nossa música.
 Agridoce nasceu de forma despretenciosa. Pitty, em suas férias e seu ócio, liga para seu companheiro de banda e o convida para cantar algo consigo. Gravam então a canção Dançando e jogam no MySpace. Com a boa receptividade que a mesma teve, a dupla então volta a se unir. Se encontram na Serra da Cantareira em um dia chuvoso, instalam microfones em toda a residência, desplugram os instrumentos e ficam apenas eles, o violão, o piano e a vontade inata de fazer música. 22 horas depois de totalmente reclusos do mundo lá fora, pronto! O disco está pronto.
 Canções melancólicas (devido ao ambiente, ao isolamento, ao clima), intimistas, leves, mas com letras às vezes com um certo sofrimento. Folk, fofo, cool, egocêntrico, às vezes vendo por uma janela cheia de pingos de chuva o movimento das folhas das árvores pelo efeito do vento. Galgando pelo português e pelo inglês, a cantora escorrega apenas quando passa para o francês, na faixa No Parle Pas, sexta faixa do álbum. Mas para recompensar, no fechamento do álbum, temos Please, Please, Please, Let Me Get What I Want, versão dos britânicos do The Smiths.
 Agridoce mostra o quão facetada Pitty é, tal qual um artista deve ser. Ela, que sempre se esforçou pra mostrar uma atitude roqueira, foi criticada por muitos de seus fãs pelo álbum Chiaroscuro, com seu carro-chefe Me Adora, de 2009, onde se encaminha mais pra um lado pop. Mas voltou a ter respeito com o A Trupe Delirante No Circo Voador, de 2011. Agora com o Agridoce, ela se mostra uma artista completa, sem medo de se expor, de expor o outro lado da moeda. Uma artista! Ainda com muito a provar, mas ainda assim, uma artista.


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