sexta-feira, 30 de março de 2012

Preciosa - Uma História de Esperança

 Um dos melhores filmes cults dos últimos anos, positivamente criticado pelos especialistas, Preciosa  é dirigido por Lee Daniels que mostra, impetuoso, a vivência miserável, no amplo sentido da palavra, de uma garota dos anos 80.
 Clairecee Precious Jones, interpretada pela revelação Gabourey Sidibe, tem mil e um motivos para ser um ser humano infeliz. Além do simples fato de ser mulher em um ambiente machista, negra, gorda, pobre, semi-analfabeta, o arrematador vem quando dizemos que sua infância foi marcada por abusos sexuais do pai alcoólico e domésticos da mãe. Preciosa, grávida pela segunda vez de seu pai, é transferida para uma escola alternativa, criada para alunos que necessitam de atenção especial. Um processo traumático, pois sua mãe, uma pessoa amarga, miserável, totalmente violenta e perversa, a tenta persuadir dessa ideia, tentando, como sempre fez, a manter na ignorância. Mas, dessa vez, Preciosa se sobressai e vai adiante. Em sua nova escola, Preciosa sente pela primeira vez o afeto e o carinho, de sua professora Blu Rain, interpretada por Paula Patton, que tenta entender o que se passa na vida de sua aluna. A garota vai criando, com muita dificuldade, coragem para expor e enfrentar de frente seus traumas.
 O filme, brilhantemente dirigido, tem como cenário o bairro pobre de Harlem, em Nova York, com uma fotografia urbana e realista. O filme, como um todo, aliás, é muito real, desde a fotografia até a atuação. De Sidibe, com uma expressão vaga, completamente inaderente à qualquer tipo de demonstrações de carinho, como todos que tentam se esconder da visão das pessoas - e, depois, 'chocante', quando começa a expor seus, já tão desesperançados, sentimentos. De Mo'Nique, a mãe, interpretando muito bem uma personagem desgraçada, chocante, violenta, que agride não só a filha, mas a todos que assistem e simpatizam com a situação de Preciosa. Com todos os mil e um aspectos que posso atribuir ao filme, aos personagens e aos atores, o que mais impressiona e vale ressaltar é o realismo, mesmo, e principalmente, depois dos devaneios em que Preciosa sonha em ter um marido branco e ser estrela de Hollywood.
 O filme foi lançado em 2009, tendo dominado, em 2010, as indicações ao Oscar e à todas as premiações voltadas ao cinema.

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quarta-feira, 28 de março de 2012

Marcela Mangabeira, a voz da nova Bossa Nova

 Dona de uma sorriso contagiante e de uma voz natural, cantada de maneira simples, com fineza, em tom baixo, tranquilo, sibilando versos transbordados em paz e alegria. Essa é a recifense mais carioca de todas, Marcela Mangabeira.
 Marcela é a mais sobresaliente dentre os talentos da atual geração da Bossa Nova. Sua primeira grande aparição na mídia foi em 2000, quando foi uma das selecionadas em um concurso da Rede Globo. Daí, foi um impulso na carreira para que,  olheiros e descobridores de novos talentos voltassem sua atenção para ela. Inclusive Roberto Menescal, um dos fundadores do gênero brasileiro, com o qual gravou seu primeiro disco, Simples.
 Simples foi lançado em 2005 no Japão, onde conseguiu considerável sucesso, e em 2006 no Brasil. Passeando pela Bossa, MPB e Samba, Marcela canta grandes sucessos de Caetano, Gal, Tom e Fernanda Takai. As canções escolhidas são todas com mensagens positivas. O cd passa uma imagem de praia, com chapéu de palha, ao fim da tarde, ouvindo passarinhos assobiarem, com uma leve brisa lhe batendo ao rosto. E todo esse cenário é fortalecido pela voz da cantora: leve como brisa, suave como cantar de um passarinho. ''Simples'' é o que se pode dizer desse trabalho.
 Seu segundo disco, Colors of Rio, veio em 2011. Com a mesma faceta simples, que é o que caracteriza o seu trabalho, Marcela Mangabeira se arisca em canções pop. Sempre com muita destreza, a cantora mantém sua maneira particular de cantar versões in bossa de cantores como Lady Gaga, Katy Perry, Rihanna, entre outros.
 Além desses dois trabalhos, Marcela Mangabeira detém dezenas de canções espalhadas pela internet. São versões, entre outros, de Madonna, Maroon 5, Michael Jackson. Algumas presentes em álbuns como Hits In Bossa, Michael In Bossa e Versões em Bossa.
 Vão aí algumas canções para contentar seus ouvidos:

segunda-feira, 26 de março de 2012

O iluminado, de Stephen King

 Mulher que vira máquina e zumbis que perambulam pela rua. Esse é duas das sinopses que li, de mau gosto, de Stephen King aquela manhã na biblioteca. Achei tudo aquilo fantasioso demais, esperava algo mais real e, com isso, me decepcionava com o autor. Claro que é apenas duas, entre várias, de suas criações, o que não indica que todas vão pra esse lado também. Só quero ressaltar que me decepcionei com ele naquele primeiro contato. Dos cerca de cinco livros que tinha ali, apenas um se salvou na minha opinião. O Iluminado. Sobre espíritos, era menos fantasioso que zumbis ou mutações fantásticas.
 O Iluminado gira em torno da família Torrance. Jack Torrance, que já viveu, o drama do alcoolismo, ainda está em processo de reabilitação social e familiar. Já tendo se metido em várias confusões, perdido o emprego e, o que mais o perturba, machucado uma vez o seu filho, ele agora está ''limpo''. Querendo ajudá-lo, seu amigo Al arruma pra ele um emprego sossegado, onde ele pode se recuperar totalmente longe da sociedade, das tentações, além de poder terminar seu livro e realizar seu sonho de ser escritor. Jack seria zelador do hotel Overlook na temporada de inverno, quando ele fecha suas atividades. Então, junto a sua mulher Wendy e seu filho Danny, prepara as malas e vai ao mal-assombrado hotel, na nevasca estação.
 O autor cria um cenário com um hotel tenso, um gigante aprisionando três pequenas criaturas em seu interior. Um lugar com um silêncio ressonante, retumbante... angustiante. Pelos corredores, imagens perturbadoras são vistas pelo menino Danny, o iluminado. Os pais vão percebendo que aquele lugar não é comum, que não faz bem ao garoto e, aos poucos, também vão se tornando sensíveis quanto às almas existentes no lugar que agora moram.
 O escritor vai se aprofundando, vai tornando toda essa atmosfera cada vez mais tensa, até chegar o momento em que você tá lendo, assustado, com uma mão na boca, temendo o que acontece a seguir. Ele faz jus a seu título de Rei do Horror! Apesar de ainda continuar fantasioso, o que é o perfil dele, me surpreendeu.
 O Iluminado foi lançado em 1997 e King anunciou, ano passado, uma continuação do livro.

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